sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Fases

Revolução Industrial 
 
A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica.
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.
 

Etapas da industrialização

 
Podem-se distinguir três períodos no processo de industrialização em escala mundial:
 
1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a "oficina do mundo". Preponderam a produção de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor.
 
1850 a 1900 – A Revolução espalha-se por Europa, América e Ásia: Bélgica, França, Ale­manha, Estados Unidos, Itália, Japão, Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens de produção se desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, como a hidrelétrica e a derivada do petróleo. O trans­porte também se revoluciona, com a invenção da locomotiva e do barco a vapor.
 
1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se automatiza; surge a produção em série; e explode a sociedade de consumo de massas, com a expansão dos meios de comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, a engenharia genética, a robótica

Artesanato, manufatura e maquinofatura

 
O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu no fim da Idade Média com o renascimento comercial e urbano e definia-se pela produção independente; o produtor possuía os meios de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho ou com a família, o artesão realizava todas as etapas da produção.
A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a produção e o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a matéria-prima e o arte­são trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse comerciante passou a produzir. Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem controle sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por causa da divisão social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da produção.
Na maquinofatura, o trabalhador estava sub­metido ao regime de funcionamento da máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução Industrial.

Inglaterra- Fatores

Introdução

A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de produção. Enquanto na Idade Média o artesanato era a forma de produzir mais utilizada, na Idade Moderna tudo mudou. A burguesia industrial, ávida por maiores lucros, menores custos e produção acelerada, buscou alternativas para melhorar a produção de mercadorias. Também podemos apontar o crescimento populacional, que trouxe maior demanda de produtos e mercadorias.
Pioneirismo Inglês

Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de Revolução Industrial do século XVIII. Este fato pode ser explicado por diversos fatores. A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas à vapor. Além da fonte de energia, os ingleses possuíam grandes reservas de minério de ferro, a principal matéria-prima utilizada neste período. A mão-de-obra disponível em abundância (desde a Lei dos Cercamentos de Terras ), também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII. A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês.
Avanços da Tecnologia

O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas. As máquinas à vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionou o modo de produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.
Locomotiva da época da Revolução Industrial Locomotiva: importante avanço nos meios de transporte

Na área de transportes, podemos destacar a invenção das locomotivas à vapor (maria fumaça) e os trens à vapor. Com estes meios de transportes, foi possível transportar mais mercadorias e pessoas, num tempo mais curto e com custos mais baixos.
A Fábrica

As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.
Reação dos trabalhadores

Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as trade unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos empregados. Houve também movimentos mais violentos como, por exemplo, o ludismo. Também conhecidos como "quebradores de máquinas", os ludistas invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos numa forma de protesto e revolta com relação a vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação, pois optou pela via política, conquistando diversos direitos políticos para os trabalhadores.
Conclusão

A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana. A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o crescimento desordenado das cidades também foram conseqüências nocivas para a sociedade. 
Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. Mesmo nos países desenvolvidos tem faltado empregos para a população.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ocupação do MS

Quem eram os povos que habitaram o território correspondente a Mato Grosso do Sul no período da conquista? Como viveram e se relacionaram? Foram todos iguais ou sustentaram culturas e sociedades diferenciadas? O que os teria levado ao desaparecimento e à transfiguração compulsória que deu origem à figura do elemento humano a quem chamamos índio?

          Entre as regiões noroeste e sudoeste do Estado de Mato Grosso do Sul, sudoeste do antigo Estado de Mato Grosso, estende-se o Pantanal sul-mato-grossense, formado por campos baixos e alagadiços que os rios inundam todo o ano.

          Nesse cenário marcado pela exuberância dos carandás, paratudos e buritis, movimentando-se em busca da sobrevivência viviam tribos de línguas e costumes diferentes, muitas das quais, embora apresentassem variações etno-culturais, tinham em comum a orientação pelo ciclo das águas. Entre essas tribos estavam os canoeiros Payaguá e Guató, povos que tinham no rio Paraguai sua principal fonte de subsistência, dele se afastando apenas quando seu curso inundava os campos.

          Outros grupos sedentários, como os Guaná, de língua Aruak, preferiam os terrenos abrigados e mais propícios ao cultivo, caracterizando-se como tribos de lavradores, produtores de mantimentos e tecidos.

          Nem sedentários, nem completamente nômades, outras tribos, como a dos Guaicuru, também seguiam o fluxo das águas acompanhando a caça que deslocava-se no movimento das enchentes e vazantes. Viventes em terra, esses seminômades caçadores e coletores constituiam-se em bandos de ferozes guerreiros que causavam apreensão entre os demais grupos nativos da região, a quem faziam cativos.

          Nesse ir e vir no compasso das águas, enquanto milhares de nativos viviam em diferentes configurações socioculturais, os espanhóis penetravam o interior do Continente utilizando a foz do Rio da Prata, firmando seu principal núcleo de ocupação em Assunpción, no Paraguai. Pelos afluentes do rio Paraguai chegaram à bacia do Amazonas, donde partiram para a conquista dos altiplanos da América Central.

          Uma vez instalados, possuindo tecnologia superior, os conquistadores implantaram o colonialismo de exploração, apossando-se das novas terras, saqueando suas riquezas e remodelando seus habitantes como escravos coloniais, atuando através da “erradicação da antiga classe dominante local, da concessão de terras como propriedade latifundiária aos conquistadores, da adoção de formas escravistas de conscrição de mão-de-obra e da implantação de patriciados burocráticos, representantes do poder real, como exatores de impostos” (Ribeiro, 1978).

          A partir de então, sob pressão escravista, os povos nativos sofreram grande ruptura em seu processo evolutivo natural, sendo remodelados através da destribalização e da deculturação compulsória, perdendo a maior parte de seu patrimônio cultural e só podendo criar novos hábitos quando estes não colidissem com sua função produtiva dentro do sistema colonial (Idem). Encerradas em territórios cada vez menores ou absorvidas pelo processo civilizatório, as etnias nativas foram conduzidas a transfiguração étnico-cultural ou a completa extinção.

          Os canoeiros Guató, por exemplo, foram dominados ainda no período colonial. Mais tarde, por ocasião da Guerra do Paraguai, lutaram e sofreram ataques de ambos os lados, sendo dizimados nos anos seguintes por epidemias de varíola e outras doenças. Os poucos remanescentes continuaram a viver como pescadores nas lagoas e furos do alto Paraguai (Ribeiro, 1996).

          Os Guaná também foram rapidamente dispersados. Segundo notícias da primeira metade do século XIX, uma parte foi aldeada junto ao Paraguai; outra parte, mais a leste, no rio Miranda, teve suas aldeias invadidas em conflitos entre brasileiros e paraguaios. Com o tempo, os remanescentes dispersos tentaram voltar aos locais de origem, passando a viver em competição com criadores de gado que ocupavam a região (Idem). Os Kinikinawa e os Layana, por exemplo, foram compelidos a trabalhar para aqueles que tomaram suas terras. Os Terena, que tiveram suas aldeias dominadas por comerciantes de aguardente, acabaram transformando-se em sertanejos ou sendo obrigados a afastarem-se das terras férteis do Miranda, refugiando-se em terrenos impróprios para a agricultura e para sua condição de lavradores.

          De maneira generalizada, todas as tribos nativas que habitavam a região foram extintas ou transfiguradas pela pressão de um modelo colonizador despótico e intolerante, expresso, “tanto por sua projeção geográfica sobre a terra inteira quanto na sua capacidade de estancar o desenvolvimento paralelo de outros processos civilizatórios” (Ribeiro, 1978).

          Neste cenário conflitante houve, porém, uma exceção. Um determinado grupo étnico se fortaleceu após o contato com os colonizadores. Para isso, saquearam os bens culturais de seus adversários, adotando o cavalo, a lança e outras armas para utilizá-las no uso da caça e da guerra, aprimorando sua própria estrutura sociocultural e se transformando numa das tribos nativas mais resistentes de toda América do Sul.

          No século XVI, ainda no início da ocupação espanhola, os nativos de quem falamos assaltaram as pequenas vilas que se formaram, as estâncias crioulas e a cidade de Assunção, guerreando ferozmente, fazendo cativos e contra-atacando às tentativas de extermínio e redução empreendidas pelos invasores.
Suas correrias expandiram-se a territórios cada vez mais amplos, aumentando sua fama de guerreiros invencíveis. Desde “Cuiabá, em Mato Grosso, às proximidades de Assunção, no Paraguai, e das aldeias Chiriguano nas encostas andinas, no Chaco, até as tribos Guarani, das matas que margeiam o Paraná. Em toda essa região atacavam e saqueavam não somente grupos indígenas, mas também povoados espanhóis e portugueses, fazendo cativos em todos eles. Chegaram, deste modo, a constituir o principal obstáculo que os colonizadores tiveram de enfrentar no centro da América do Sul e motivo constante de suas preocupações. Bem aparelhadas expedições militares foram armadas por portugueses e espanhóis para combatê-los sem jamais lograr êxito completo contra esses índios cavaleiros, que conheciam profundamente seu território e sabiam fugir a todo encontro que lhes pudesse ser desfavorável” (Ribeiro, 1996).

          Aliados aos canoeiros Payaguá, empreenderam ataques fulminantes por terra e água, como os realizados contra as monções paulistas que rumavam ao ouro de Mato Grosso, causando a elas mais prejuízo que todas as demais tribos guerreiras reunidas.

          Repeliram ainda o assédio ideológico dos espanhóis, principais interessados em sua domesticidade, saqueando e destruindo reduções e aldeamentos missionários; negando-se à conversão salvacionista e dificultando a catequização de outras tribos. Impediram a utilização de caminhos mais curtos entre Assunção e o Peru, obrigando os viajantes a desviarem o curso de suas jornadas por caminhos tortuosos, causando atraso e prejuízo ao empreendimento colonizador.

          Sentiam desprezo pelo raça européia e orgulhavam-se de serem superiores, retribuindo à civilização o mesmo tratamento etnocêntrico e intolerante dispensados aos povos nativos. Sobre esse assunto, Félix Azara, citado por Baldus, escreveu o seguinte: “se creen la nación más noble del mundo, la más generosa, la más formal en el cumplimiento de su palabra con toda lealtad y la más valiente. Como su talla, la belleza y elegancia de sus formas, así como sus fuerzas, son bastante superiores a las de los españoles, ellos consideran a la raza europea como muy inferior a la suya” (Boggiani, 1945).
A eles atribuem-se também importantes participações em episódios da História brasileira, como “o não estabelecimento dos paraguaios acima do rio Apa, numa época em que, primeiro aos portugueses, depois aos brasileiros, era materialmente impossível impedi-lo. No curso da guerra do Paraguai lutaram ativamente ao lado das tropas brasileiras, mas sempre independentes, como uma força à parte, movida por motivações próprias e exercendo a guerra a seu modo” (Ribeiro, 1996).

          Em sua trajetória histórica, resistiram com grande poder de adaptação, chegando até à segunda metade do século XIX com força para impor temor aos inimigos. Atravessaram o século XX mantendo fortes traços culturais conseguindo chegar ao século XXI conservando certo grau de independência e a posse de uma reserva territorial cuja área encontra-se dentro do Município de Porto Murtinho (MS).

          Hoje, estão representados pelos Kadiwéu, remanescentes da divisão de antigas tribos Mbayá-Guaicuru. Sobreviventes que, mais uma vez, tentam adaptar-se ao processo civilizatório que continua a pressioná-los com intolerância e etnocentrismo, resistindo ao assédio da sociedade envolvente que ainda pretende conquistar-lhes a alma e tomar-lhes as terras.

          Símbolo de resistência contra a deculturação compulsória, os Kadiwéu têm uma História que o povo brasileiro deveria conhecer melhor, não apenas pela ferocidade com a qual foram julgados bárbaros e cruéis no passado - traço que a civilização experimentou muitas vezes - mas pela capacidade de lutar e se adaptar sem perder a própria identidade.
 
          Os brancos, espanhóis – pelo Tratado de Tordesilhas, o Pantanal pertencia a Espanha –  chegaram por volta de 1524 subindo o Rio Paraguai. Não houve muito interesse na ocupação devido a descobertas de minas de ouro e prata no Peru e no México. Na segunda metade do século XVI, nas famosas “entradas”, os bandeirantes paulistas alcançaram essas áreas com o objetivo de escravizar índios e encontrar metais preciosos. No início do século XVIII chegaram a Chapada Cuiabana subindo os rios Tietê, Paraná e afluentes do Paraguai. Encontraram grande quantidade de ouro em Cuiabá dando início a conflitos entre a comunidade local e bandeirantes. Os nativos foram resistindo à invasão de seus territórios, algumas sociedades se extinguiram e outras seguiram para áreas de menor interesse econômico.
          Em 1750, surgiram algumas vilas como: Corumbá, São Pedro del Rei (Poconé), Vila Maria do Paraguai (Cáceres) e Miranda o Tratado de Madri, servindo como base para disputas  com espanhóis que tinham a intenção de retomarem as terras antes pertencentes a eles através do Tratado de Madri. O Fote Coimbra foi uma fortaleza militar construída em 1775, nas proximidades de Corumbá. Visando o abastecimento dessas vilas foram instalados engenhos de cana, lavoura e pecuária, aumentando a ocupação do território.
          As grandes fazendas foram surgindo dando lugar a pecuária extensiva. De 1864 a 1870, Mato Grosso foi palco da Guerra do Paraguai, de um lado a Tríplice Aliança formada por Uruguai, Argentina e Brasil, mais o apoio britânico, e do outro, o Paraguai. As cidades e fazendas pantaneiras foram quase totalmente dizimadas. Após a derrota do Paraguai, o Brasil ampliou seu território na região, incorporando cerca de 47000km² de pertencentes ao Paraguai.
          Houve conflitos fundiários devido ao parcelamento das antigas sesmarias incorporando a região grandes projetos de desenvolvimento. Os moradores antigos foram expulsos, seguindo para as áreas ribeirinhas. Reduzindo alternativas de subsistência, fazendo da pesca uma opção a sobrevivência.